domingo, 29 de julho de 2012

Todos choramos, todos sentimos.

Olá.
Primeiro, esse não é um post para refletir ou para que você, leitor, se interesse. Esse dia não me proporciona escrever algo para que possamos refletir.
Hoje me foi um dia difícil. Não por compromissos de tarde e por ter corrido, mas por ter recebido uma homenagem para o meu irmão. Ele iria se formar esse ano, hoje, com seus colegas de Ciências Atuariais. Não me pergunte o que é, eu daria uma resposta que não seria enobrecedora para a profissão. 
Os colegas dele resolveram fazer uma homenagem. No meio da cerimônia, no fim do discurso dos oradores, a Raquel e o Fabrízio introduziram a homenagem. Passou um vídeo de um minuto mais ou menos, o suficiente para lavar a minha alma.
Sabe, nesse tempo que meu irmão se foi, vi o quão querido ele era. Acho estranho falar no passado, dá vontade de falar no presente. Mas fazer o que, nem sempre o presente pode ser "conjugado". Enfim, ia falando dele. Uma pessoa que recebeu um carinho tão grande que até um professor da UFRGS foi no seu enterro e deixou seus pêsames. Sem falar dos colegas, que estudaram somente um ano com ele, e que foram lá, com a esperança do corpo chegar pelas 22h e esperaram até às 5h para que chegassem, para que não saíssem sem dar o seu tchau pessoal. 
Momentos incríveis de carinho por ele tenho vivenciado. Ganhei quase um novo irmão samoano por conta disso, de tão grande que era o carinho que ele tinha pelo meu irmão. Essa pessoa, Mike, adotou a nossa família com essa notícia.
Isso tudo me deixa feliz. Feliz por ter vivido um longo tempo ao lado dele, 16 ótimos anos podendo chamar ele de irmão. Feliz por ver que ele cativou tantas pessoas, tantos corações que ele tocou. Feliz por ter orgulho da pessoa que ele foi, que ainda é para mim. 
Cinco meses é muito pouco tempo quando se trata de uma pessoa que nos deixou, ainda mais quando é uma pessoa que tem uma proximidade incrível. Mas o tempo passo rápido, lembro dos momentos marcantes: a notícia, o meu aniversário, o velório, o enterro. Cada coisa em sua totalidade.
Lembro de sentir a presença dele me consolando no velório. Lembro do sonho que tive em que ele caminhava ao meu lado. Lembro disso e do tchau que dei para ele no aeroporto. Lembro da vontade que tive de dizer um "eu te amo, Thu", mas que contive por não querer chorar.
Uso esse post não para refletir, nem sempre conseguimos fazer o que queremos. Estou usando exatamente para expressar o que eu sinto, para descarregar um pouco.
Hoje, me sinto triste, me sinto alegre. Uma mistura de sentimentos que estão saindo por lágrimas tristes e alegres. Vi os formandos entrando, me veio a lágrima. Vi a festa, a alegria deles, esperando meu irmão entrar, como se pudesse acontecer. Vi 13 poltronas, duas fileiras com um espaço no meio da primeira. Logo pensei: eis meu irmão sentado ali. O tempo todo me lembrei dele.
Suporte? Não, obrigado. Eu não preciso ficar forte com lágrimas alegres. Tristeza estava no meio, mas eu sei que a alegria era maior: os amigos dele estavam se formando, ele estaria junto. Era um momento de alegria, não de tristeza. Meu coração estava triste, minha mente, alegre.
Sabe, isso tudo é muito estranho. Eu não sei o que aconteceu até hoje. Eu sempre penso que a morte não é algo que deva ser entendida. Eu não quero a entender. Parece que ele está viajando ainda. Não o vejo faz 8 meses. Não o verei pelos próximos anos. 8 meses não são suficientes para esquecer o berro dele quando chegava em casa, dizendo "Meeeel!". E a Mel, por sua vez, pulava de alegria. 
Bom, acho que o texto já me serviu. Se algum leitor chegou até aqui, peço desculpas por tê-lo feito ler.

Um grande abraço,
Pedro Meyer.

2 comentários:

  1. Bom dia Pedro. Eu me chamo Pedro também e sou de São Paulo, capital. Há mais ou menos um mês, eu fui visitar minha família em Porto Alegre. Lá chegando fomos direto à casa de um parente. Enfim, conversa vai, conversa vem, e eu, minha irmã, meu pai e minha tia-avó decidimos visitar os meus avós paternos no cemitério.
    Enquanto eu estava em frente ao túmulo dos meus avós, não pude deixar de notar que havia um túmulo grande e muito bonito logo ao lado do dos meus parentes. O que mais me intrigou foi a foto daquele que lá jazia: me parecia uma pessoa tão jovem... Enfim, eu pesquisei na internet e vim parar aqui... Eu li alguns de seus posts e devo admitir que os que falam de seu irmão são realmente tocantes; os restantes (ao menos os que eu tive a chance de ler), também são ótimos. Eu sei que não te conheco, nunca nem havia ouvido falar de você ou algo do tipo, mas gostaria de parabenizá-lo pela força que você demonstra não só no "Reflexões diárias", como também nas mensagens no mural do seu irmão pelo Facebook. Perder alguém nunca é, nunca foi e nem nunca será fácil. Eu espero não ter provocado nenhum transtorno pela publicação dessa mensagem, seja de ordem emocional ou pessoal. Enfim, gostaria de te oferecer meu apoio, sobretudo pelo fato dessa sua perda imensurável.
    Para acabar (eu juro que já estou acabando!!), gostaria de dizer que as suas palavras me conduziram a um novo olhar para o meu dia. Como você, eu também sou vestibulando (em alguns posts, pelo menos, você era) e sempre senti que o meu mundo jazia em ruínas, por qualquer motivo, por mais besta que fosse. Agora, eu vejo o quão estúpido eu estava sendo até então e o quanto a vida tem a oferecer que nós, todos nós, sem exceção, não aproveitamos. Muito obrigado por essa epifania e eu realmente espero não ter lhe trazido nenhum mal momento com essa mensagem.
    Passar bem,
    Pedro M.

    Ps. Os meus avós se chamam Aracy e Hiram e eles estão logo ao lado do seu irmão, caso você esteja curioso.

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  2. Caro Pedro.
    Imagino como tenha sido a sua reação ao ver o túmulo de meu irmão. Agradeço por suas palavras. Acredite: falar de meu irmão não é peso algum, tampouco me causa maus sentimentos. Ele foi um grande homem e me serve de exemplo até hoje. Realmente, não é fácil perder um ente querido, mas assim como a vida foi tirada dele, um novo ser renasceu em mim, com mais força para suportar os problemas e com mais vontade de viver. Ele não desperdiçou sua vida e nem eu pretendo fazer isso. Afundar-me na tristeza só faria com que eu deixasse de seguir esse pensamento e parasse de viver. Eis o motivo de minha força.
    Agradeço o seu apoio, peço perdão pela demora a responder, mas o blog andava afastado, não entrava mais nele. Caso se interesse em conversar mais, sabes como me encontrar nas redes.
    Fico muito feliz em saber que consegui te mostrar um novo pensamento, nunca imaginaria conseguir isso. Não se julgue estúpido, muitos são cegos para as verdades da vida até que alguém lhe tire a venda. Eu que lhe agradeço pela manifestação.
    Um grande abraço, meu xará.

    Ps. Faz tempo que não vou ao cemitério, mas em minha próxima visita mandarei bons pensamentos a eles em seu nome.

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