quarta-feira, 15 de agosto de 2012

E o Brasil é ouro nas olimpíadas!!

Olá.
Como dito em uma outra postagem, venho falar sobre um tema que me deixou realmente chocado com a participação do Brasil nas olimpíadas: a distribuição de medalhas. Eis o momento de falar disso. Para exemplificar melhor esse tema: Arthur Zanetti ganha ouro nas argolas, uma alegria imensa, uma lágrima que se escorre com o hino brasileiro sendo cantado no estádio; o time brasileiro de futebol masculino ganha prata, tristeza, depressão, jogadores chorando, população revoltada; Yane Marques ganha bronze no pentatlo moderno, outra grande alegria, a atleta mostra um sorriso e se sente mais que satisfeita com essa medalha.
Acho que dá para vermos o problema, não? Bom, se não der, eu explico. A medalha de ouro é o maior prêmio que um atleta pode ganhar numa competição dessas. Há alguns que são enviados para as olimpíadas para que ganhem essas medalhas. É o caso da seleção brasileira de futebol. Milhões de reais são investidos no futebol, seja com uniformes extras, jogadores, equipe de treino, técnico. O mínimo que se espera dessa seleção é que se destaque. Ao chegarem na final, vem o pensamento de dever cumprido. Será? Não. Bom, depende da visão de casa um na verdade. Para mim, pode ser, eles cumpriram a missão deles, mas usaram o dinheiro que poderia ser investido em vários outros atletas que tiveram participações surpreendentes. Ficaram com a prata, perderam o último jogo. Decepção total para a nação brasileira.
Mas cadê essa decepção nas outras modalidades? Não há! Por quê? Porque o nosso país só pensa no futebol. Me diz se houve alguma grande decepção pelo César Cielo ganhar bronze? Ou pelo Alison e Emanuel ganharem prata? Não, pois pode ter gente que venha e pergunte quem são eles. Como se decepcionar com alguém que nem se sabe quem é? Meio difícil, não?
Apesar de tudo, fico feliz pela participação do Brasil nessas olimpíadas, quebrou seu próprio recorde em 92 anos de participação, no total de medalhas. Só diria que fica atrás das olimpíadas de Atenas que ganharam 5 medalhas de ouro. Nessa, Londres 2012, saímos de lá com 3 medalhas de ouro (muito merecidas pelos atletas, alguns desconhecidos), 5 medalhas de prata (que vieram com um gosto de ouro em algumas, como na dupla de vôlei de praia) e 9 de bronze (muitas delas de grande vibração e emoção ao serem ganhas).
Pois é, acho que é hora de revermos uns conceitos. Vale a pena torcer tanto por esse futebol que tem chance de ganhar uma medalha, enquanto centenas de outros atletas ficam sem o devido apoio, tendo que se empenhar muito mais do que os jogadores que vão com seus carros importados treinar? Para mim, não vale. Prefiro muito mais tirar mil reais de um salário de um jogador para pagar uma roupa extra para o ciclista brasileiro, que teve que se humilhar publicamente usando um alfinete para prender sua roupa, após ela ter estragado o fecho. Até não digo se humilhar, digo mostrar a coragem e a vontade de participar, pois isso ali poderia ter sido uma desculpa para não correr.
Fazer o que, essa é a nossa cultura, só estamos investindo errado nela. Não que eu escrevendo isso aqui vá mudar algo nisso, só estou expressando a minha opinião. Para variar, esse país me frustrando um pouco. Nem tudo é ruim, pego os exemplos bons dessas olimpíadas, mas é difícil esquecer dos ruins, não é? 
Enfim, deixo essa reflexão: O que vale mais: a dignidade de um atleta ou o contrato milionário de um jogador de futebol? Por que tem tantos atletas bons nesse país e que não são levados a sério? Por que continuamos cegos para o esporte brasileiro quando esse não é o futebol ou o vôlei (sendo o time masculino, pois nem o feminino é tão levado a sério)?? 
Poucas perguntas, mas não sei o que responder. Sem contar a primeira pergunta, não sei responder as outras. Quanto à primeira, óbvia a minha resposta: a dignidade humana sempre na frente do dinheiro. Talvez nem sempre seja pensado dessa maneira. Fazer o que, não dá para mudar a mente de todos para pensarem igual a nós. Nem eu quero isso. A única coisa que eu gostaria é de uma maior igualdade.

Um grande abraço,
Pedro Meyer.

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